
A ascensão das mulheres em diversas esferas da sociedade tem sido notável, mas no mundo do futebol, a presença feminina em cargos de liderança ainda patina em um campo de desigualdades. Se no universo corporativo a participação feminina em posições de comando alcança modestos 28%, nos clubes de futebol, especialmente no Brasil, essa representatividade é ainda mais desalentadora, refletindo barreiras estruturais e culturais que historicamente marginalizam as mulheres nos espaços de decisão. Essa disparidade não se justifica pela falta de competência ou interesse feminino. Um estudo da Grant Thornton revela que empresas com lideranças femininas apresentam melhor desempenho financeiro e maior retorno sobre o investimento.
No esporte, o estudo “Beyond the Game: Exploring Women’s Leadership in the Global Sports Industry” da Laureus Sport for Good Foundation aponta que a diversidade de gênero em conselhos administrativos está associada a uma gestão mais eficaz e inovadora. O desafio de ampliar a participação feminina na gestão do futebol exige um esforço coordenado e multifacetado. Não se trata apenas de uma questão de boa vontade, mas de uma mudança estrutural que passa por políticas públicas eficazes, como a Lei de Incentivo ao Esporte, que pode destinar recursos para projetos que promovam a igualdade de gênero no esporte.
Além disso, programas de capacitação e mentoria para mulheres que desejam seguir carreira na gestão esportiva são cruciais. A transformação também depende de um compromisso do mercado esportivo em abrir portas para lideranças femininas. Clubes e federações precisam adotar políticas de diversidade e inclusão, criando ambientes de trabalho acolhedores e promovendo a igualdade de oportunidades.
A iniciativa #JogaJunto, da FIFA, é um exemplo de como o esporte pode se mobilizar para combater a discriminação de gênero e empoderar mulheres no futebol. Apesar de iniciativas louváveis como a exigência de mulheres em cargos diretivos para acesso a determinados fundos esportivos, a mudança precisa ser sistêmica.
O futebol, como um microcosmo da sociedade, precisa acelerar o passo rumo à igualdade de gênero, garantindo que as mulheres não estejam apenas dentro de campo, mas também nos bastidores, tomando decisões estratégicas que moldam o futuro do esporte. Enquanto a mobilização não ganhar a força necessária, continuaremos a assistir a um futebol predominantemente masculino, perpetuando desigualdades e desperdiçando talentos femininos que poderiam revolucionar o esporte.
O caminho para a equidade exige uma ação coletiva urgente – e o apito inicial dessa transformação precisa soar agora.