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ADRIELE ROCHA: A FORÇA DO BEACH SOCCER FEMININO BRASILEIRO QUE CONQUISTOU O MUNDO

  • By donasfc
  • 22/04/2025
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Adriele Rocha, um nome que ressoa com força no cenário do beach soccer mundial, é a entrevistada do nosso quadro Donas do jogo, Bicampeã do mundo e seis vezes finalista do prêmio de melhor jogadora da modalidade, a atleta brasileira compartilha nesta conversa sua trajetória vitoriosa, os desafios inerentes ao esporte na areia e a persistente luta por maior visibilidade e reconhecimento do futebol de areia feminino. Sua perspectiva, como referência para uma nova geração de jogadoras, lança luz sobre o presente e o futuro da modalidade.

Confira:

Donas FC – Você acaba de ser indicada pela sexta vez consecutiva ao prêmio de melhor jogadora do mundo, que já venceu em duas edições. O que esse reconhecimento representa para você e para a visibilidade do beach soccer feminino no Brasil e no mundo?

Adriele – Fui a primeira brasileira a conquistar esse prêmio e, desde então, venho sendo indicada ano após ano – já são seis vezes consecutivas. Isso, para mim, é motivo de muito orgulho. Representar o beach soccer brasileiro no cenário mundial é gratificante. O reconhecimento de capitãs e treinadores de outros países reforça que estou no caminho certo, exercendo bem meu papel como atleta e como inspiração para outras meninas que, como eu, um dia sonharam em jogar futebol.

Vejo o crescimento da modalidade acontecendo aos poucos, e me alegra perceber que, com meu trabalho, posso contribuir para que mais pessoas conheçam e respeitem o beach soccer feminino. Uso muito minhas redes sociais como vitrine, e recebo mensagens de meninas que se inspiram em mim — como eu também me inspirei em outras atletas no início da minha trajetória.

Donas FC – Desde a formação da Seleção Brasileira Feminina, os resultados têm sido expressivos, e você é uma peça-chave nessa história. Como enxerga a evolução da modalidade desde sua estreia?

Adriele – Fui pioneira. A primeira Seleção Brasileira feminina foi formada em 2019, e desde então temos mostrado força dentro de campo. Mesmo com pouco tempo de preparação, seguimos alcançando pódios e vencendo seleções que têm estruturas muito mais robustas, principalmente na Europa. Isso mostra o quanto o talento brasileiro faz diferença.

Mas talento, sozinho, não sustenta um projeto. Se tivéssemos mais incentivo, estrutura e frequência de jogos, poderíamos ir ainda mais longe. Hoje, infelizmente, a seleção disputa apenas três partidas no ano — é muito pouco. Sonho com uma seleção mais ativa, com mais oportunidades para todas as meninas que querem viver do beach soccer.

 

Donas FC – Apesar do avanço da modalidade, a FIFA ainda não organiza uma Copa do Mundo feminina de beach soccer. Como bicampeã mundial, como você vê essa ausência e o que falta para que esse passo finalmente aconteça?

Adriele – Em 2022, quando fui eleita a melhor do mundo pela primeira vez, eu e a jogadora americana Alex Hall lideramos uma campanha chamada It’s Time for the Women’s Beach Soccer World Cup. Foi um movimento para cobrar a realização da primeira Copa do Mundo feminina da modalidade.

Agora, temos uma boa notícia: tudo indica que a primeira edição será em 2027. É um avanço significativo. Além disso, tornar o beach soccer um esporte olímpico seria outro grande passo. Essas conquistas são fundamentais para consolidar a modalidade no cenário esportivo mundial — tanto no feminino quanto no masculino.

 

Donas FC – Você defende o Sampaio Corrêa e é uma das grandes referências nacionais. Qual tem sido o papel dos clubes no fortalecimento do beach soccer feminino, e quais desafios ainda precisam ser superados?

Adriele – O apoio dos clubes é fundamental. Os grandes times do Brasil deveriam abraçar o beach soccer feminino. Quando clubes de camisa entram em campo, eles atraem mais público, mais visibilidade e mais patrocinadores. Isso fortalece a modalidade como um todo.

Também é importante que federações e instituições esportivas invistam em competições e calendários mais consistentes. Hoje, temos atletas como Lele Lopes, Bárbara Claudete e tantas outras referências, mas o cenário ainda é frágil. Precisamos de mais estrutura na base e no profissional para garantir continuidade e crescimento.

Donas FC – Para as meninas que sonham em viver do futebol — seja no campo, na areia ou na quadra — qual mensagem você deixa como mulher nordestina, bicampeã mundial e uma das maiores atletas da modalidade?

Adriele – Acreditem no sonho de vocês. Tenham respeito, disciplina, dedicação — e levem o esporte a sério, mas com leveza. Eu saí de um lugar onde, quando comecei, não existia seleção feminina, não existia premiação para as melhores do mundo. Tive que construir esse caminho, ser pioneira. E consegui, porque nunca deixei de acreditar.

Sou do Nordeste, de uma terra que é berço de grandes talentos, mas que nem sempre oferece oportunidades. Por isso, faço questão de estar sempre disponível para ajudar outras meninas. Quero contribuir com o desenvolvimento do beach soccer feminino e do esporte feminino em geral. Estamos só começando.

Foto :Arquivo Pessoal

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