
A iniciativa busca resgatar a hegemonia dos EUA no futebol feminino, especialmente nas categorias de base, onde os resultados vêm decepcionando.
A seleção sub-20 não vence a Copa do Mundo da categoria desde 2012, e a sub-17 só voltou ao pódio neste ano, após 15 anos. Com o investimento de Kang, o número de centros de treinamento para cada faixa etária será dobrado, ampliando o alcance e a preparação das futuras gerações de atletas. Mas a iniciativa de Kang vai além do campo.
Ela tem investido ativamente na saúde das atletas, em empresas voltadas para o desenvolvimento do esporte feminino e em projetos de mídia que valorizam as mulheres no esporte. Seu trabalho é um exemplo de como enxergar o futebol feminino não apenas como um movimento social, mas como um produto viável e uma potência esportiva.
E o Brasil?
Enquanto isso, por aqui, o futebol feminino ainda luta para ser levado a sério. Apesar de termos um histórico de talentos excepcionais como Marta, Formiga e Cristiane, o descaso com a base e a falta de investimentos estruturais são evidentes. A maioria dos clubes brasileiros ainda trata suas equipes femininas como obrigação regulatória e não como uma oportunidade de crescimento esportivo e comercial. Os campeonatos de base são raros e mal estruturados, e os recursos financeiros destinados ao futebol feminino são irrisórios.
Essa negligência ocorre em um momento em que o Brasil deveria estar liderando uma transformação cultural no esporte. Em 2027, seremos sede da Copa do Mundo Feminina, uma oportunidade única para impulsionar o futebol feminino no país e criar uma base sólida para as futuras gerações. No entanto, sem planejamento estratégico, investimentos robustos e visão de longo prazo, continuaremos perdendo tempo e talentos.
O que Michele Kang está fazendo nos Estados Unidos deveria servir de inspiração.
Seu exemplo mostra que investir na base é essencial para manter um esporte competitivo e sustentável, além de gerar impactos sociais e econômicos. Aqui no Brasil, enquanto os dirigentes continuam ignorando o potencial do futebol feminino, as oportunidades passam, e a distância para os países líderes só aumenta.
E aí? Convidamos Michele Kang para vir ao Brasil e nos ensinar como transformar o futebol feminino em um verdadeiro legado?
Foto The New York Times