A Seleção Brasileira Feminina de Futebol viveu um momento de ruptura e expectativa após a Copa do Mundo de 2023, realizada na Austrália e Nova Zelândia. A eliminação precoce na fase de grupos, a primeira desde 1995, sinalizou a necessidade de uma mudança de rumo e a busca por um novo ciclo vitorioso. Foi neste contexto que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou a chegada de Arthur Elias, um dos técnicos mais vitoriosos do futebol feminino nacional, notório por seu trabalho revolucionário à frente do Corinthians.
Sua chegada, poucos meses após o Mundial, representou um sopro de renovação, com a missão de rejuvenescer o elenco e, ao mesmo tempo, manter a competitividade visando os Jogos Olímpicos de Paris 2024. A nova era de Arthur Elias começou imediatamente a moldar a cara da Seleção, promovendo uma mescla de experiência com jovens promessas.
Com base nos dados das convocações realizadas desde o início de sua gestão, é possível identificar o núcleo de atletas que têm sido a espinha dorsal do projeto de Arthur Elias. Elas representam a confiança do treinador e a base para a implementação de seu estilo de jogo.
As Mais Requisitadas por Arthur Elias
A tabela de convocações da era Arthur Elias revela quais jogadoras estão se tornando peças-chave no novo esquema tático da Amarelinha, mostrando um time que tem como base a Liga Norte-Americana (NWSL), a Europa e, claro, o futebol brasileiro.
As Líderes em Convocações
| Posição | Jogadora | Clube Atual | Total de Convocações |
| Defensora | Yasmim | Real Madrid (ESP) | 15 |
| Meio-campo | Duda Sampaio | Corinthians (BRA) | 14 |
| Meio-campo | Angelina | Orlando Pride (USA) | 13 |
A zagueira Yasmim (Real Madrid) é, de longe, a jogadora mais presente nas listas de Arthur Elias, somando 15 convocações. Sua presença constante demonstra a confiança do técnico em sua versatilidade e adaptação ao novo sistema defensivo.
No meio-campo, Duda Sampaio (Corinthians) e Angelina (Orlando Pride) formam um dos pilares do setor, com 14 e 13 convocações, respectivamente. Duda, que trabalhou com Arthur Elias no Corinthians, parece ser o elo de ligação e inteligência tática desejado pelo treinador no centro do campo.
O Quarteto de Apoiadoras Ofensivas
Quatro jogadoras se destacam logo abaixo do trio principal, com 10 a 12 convocações, atuando majoritariamente no ataque ou como laterais ofensivas:
- Gabi Portilho (Gotham/USA): 12 convocações
- Tarciane (Lyon/FRA): 11 convocações
- Lorena (Kansas City Current/USA): 11 convocações
- Adriana (Al Qadsiah/KSA): 10 convocações
A lateral Tarciane e a atacante Gabi Portilho mostram o apreço de Arthur Elias por atletas com alto poder de pressão e intensidade, enquanto a goleira Lorena consolida-se como a mais convocada da sua posição, indicando um possível favoritismo para a camisa 1. A experiência e faro de gol de Adriana também a mantêm como uma figura frequente.
O Muro Defensivo e a Geração Jovem
Outras seis jogadoras aparecem na faixa de 8 a 9 convocações, muitas delas em posições defensivas, evidenciando o foco do técnico em solidificar a defesa:
- Bruninha (Gotham/USA): 9 convocações
- Lauren (Atlético de Madrid/ESP): 9 convocações
- Fernanda Palermo (Palmeiras/BRA): 9 convocações
- Kerolin (Manchester City/GBR): 9 convocações
- Isa Haas (Cruzeiro/BRA): 8 convocações
- Vitória Yaya (PSG/FRA): 8 convocações
- Ary Borges (Racing Louisville/USA): 8 convocações
- Jheniffer (Tigres/MEX): 8 convocações
- Amanda Gutierres (Palmeiras/BRA): 8 convocações
- Ludmila (Chicago Red Stars/USA): 8 convocações
- Marta (Orlando Pride/USA): 8 convocações
A presença de jovens como Bruninha, Lauren, e Vitória Yaya nessa lista, ao lado de nomes mais consolidados como Kerolin e Ary Borges, sinaliza a clara intenção de Arthur Elias de preparar a Seleção para o futuro, mantendo as mais promissoras atletas sob sua tutela e desenvolvimento constante. A lenda Marta também figura nesta faixa, demonstrando que sua liderança e talento continuam valiosos neste momento de transição.
A era Arthur Elias, ainda que recente, já traça um perfil do grupo que buscará a inédita estrela na camisa no Mundial de 2027. O técnico confia em atletas que conhece bem, em jovens talentos do futebol brasileiro e em jogadoras já estabelecidas internacionalmente para conduzir a Seleção Brasileira de volta ao topo do futebol mundial.
A Fórmula Vencedora: O Legado de Arthur Elias no Corinthians
Para entender a filosofia de trabalho que Arthur Elias está implementando na Seleção Brasileira, é fundamental revisitar seu período à frente do Corinthians, onde ele não apenas ganhou títulos, mas redefiniu o conceito de excelência no futebol feminino no Brasil.
Arthur Elias chegou ao Corinthians/Audax em 2016 e, após a separação com o Audax, consolidou o Corinthians como a maior potência do futebol feminino sul-americano. Seu trabalho foi marcado por uma intensidade tática, um modelo de jogo ofensivo e uma capacidade notável de extrair o máximo de cada atleta.
O Muro de Títulos
A galeria de troféus conquistados por Elias no comando do Corinthians é impressionante e demonstra uma consistência de resultados rara no esporte:
| Competição | Títulos Conquistados (2016 – 2023) |
| Campeonato Brasileiro | 4 (2018, 2020, 2021, 2022) |
| Copa Libertadores | 4 (2017, 2019, 2021, 2023) |
| Supercopa do Brasil | 2 (2022, 2023) |
| Campeonato Paulista | 3 (2019, 2020, 2021) |
| Copa Paulista | 1 (2022) |
| Total | 14 Títulos em 8 Temporadas |
A Filosofia de Jogo e Gestão
A trajetória vitoriosa de Arthur Elias no Corinthians pode ser resumida em alguns pilares que ele agora busca replicar na Seleção:
1. Intensidade e Modelo Ofensivo
O time de Elias era conhecido por uma pressão alta e incessante sobre a saída de bola adversária. O objetivo era sufocar o oponente e recuperar a posse no campo de ataque. Ofensivamente, o time tinha variações táticas, mas sempre buscava a posse de bola e a criação de múltiplas chances de gol, com laterais e meio-campistas participando ativamente da área.
2. Rejuvenescimento e Consolidação
Elias teve um papel crucial no desenvolvimento de jovens jogadoras que se tornaram estrelas, como Duda Sampaio e Vic Albuquerque (ambas presentes nas suas convocações da Seleção). Sua gestão era focada em desenvolvimento contínuo, transformando atletas em jogadoras de alto nível internacional.
3. Versatilidade Tática
Um ponto forte era a capacidade do time de mudar o sistema de jogo e as funções das atletas dentro da mesma partida. Jogadoras como Tamires e Yasmim (ambas frequentemente convocadas) demonstravam grande versatilidade, atuando em diferentes posições conforme a necessidade tática.
4. Mentalidade Vencedora
O Corinthians de Arthur Elias estabeleceu uma mentalidade de hegemonia. O técnico incutiu nas atletas a cultura da vitória, do trabalho duro e da excelência diária, algo que é essencial para um grupo que busca o primeiro título mundial.
Foto: Clement Mahoudeu / AFP
