Programa Nacional e novas legislações impulsionam criação de espaços de acolhimento para mulheres em arenas esportivas.
A ampliação das Salas Lilás nos estádios de futebol do Brasil avança como uma das principais ações de enfrentamento à violência de gênero em eventos esportivos. A iniciativa, que já está em prática em arenas como Maracanã, Castelão e Mineirão, busca garantir acolhimento, privacidade e atendimento humanizado para mulheres vítimas de assédio, agressões ou discriminação durante partidas e grandes eventos.
Além de representar um marco para a segurança feminina nos estádios, historicamente marcados por episódios de violência e hostilidade, o movimento tem crescido devido à articulação entre governos, clubes e órgãos do sistema de justiça.
O QUE SÃO AS SALAS LILÁS?
As Salas Lilás são ambientes exclusivos, seguros e reservados criados para atender mulheres vítimas de violência em estádios. Podem oferecer suporte em casos como assédio e importunação sexual, agressões físicas ou verbais, injúria racial e outras situações de vulnerabilidade durante eventos esportivos
Nesses espaços, as mulheres encontram equipes especializadas, como assistentes sociais, psicólogos, e em alguns casos, profissionais do sistema policial e judiciário, preparadas para oferecer acolhimento imediato, orientações sobre direitos e medidas de proteção, além de encaminhamento para exames ou ações legais quando necessário.
Essas salas funcionam como um ponto de apoio rápido e seguro, reduzindo a sensação de abandono e acelerando respostas diante de casos de violência.
LEGISLAÇÃO E PROGRAMAS QUE IMPULSAM A EXPANSÃO
A expansão das Salas Lilás não é apenas resultado de iniciativas dos estádios, mas também nasce de um conjunto de políticas públicas que reconhecem a urgência de proteger mulheres em grandes eventos.
Na Câmara dos Deputados, novas propostas buscam tornar obrigatória a prevenção ao assédio em estádios e garantir atendimento especializado às vítimas dentro das arenas. A expectativa é que, com a aprovação, a instalação de Salas Lilás se torne obrigatória em eventos esportivos de grande porte.
Instituído pelo Ministério da Justiça, o programa estabelece diretrizes e incentiva a criação desses espaços em várias áreas, incluindo competições esportivas. A iniciativa acelera a padronização e a qualificação do atendimento em nível nacional.
A pauta ganha força a cada nova arena que passa a adotar o projeto. Nos últimos meses, pelo menos quatro grandes estádios brasileiros inauguraram essas salas de acolhimento.
- Arena Castelão
- Mineirão
- Arena MRV
- Maracanã que inaugurou um espaço de atendimento para mulheres vítimas de violência
Essas implementações refletem uma crescente conscientização de que a experiência no estádio deve ser segura para todos, especialmente para mulheres que ainda enfrentam índices elevados de assédio e violência durante partidas.
A expansão das Salas Lilás também tem recebido apoio direto do sistema de justiça brasileiro. Em entrevista para o Movimento Brasileiras de Futebol, o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Guilherme Caputo, destacou a importância da iniciativa:
“As arenas hoje terão a responsabilidade de ter um cantinho para os vulneráveis. Uma mulher que sofra violência de qualquer natureza, uma criança, será atendida nesse espaço isolado e protegido, com psicólogos e assistentes sociais preparados. Algumas praças já estão praticando. É algo muito legal, com apoio total do Conselho Nacional de Justiça.” – comenta o ministro.
O posicionamento reforça que a pauta deixa de ser apenas esportiva e passa a integrar um compromisso institucional para combater a violência de gênero.
A ampliação das Salas Lilás representa um avanço na construção de estádios mais seguros, acolhedores e preparados para lidar com situações de violência contra mulheres. A iniciativa aponta para uma mudança estrutural, onde o futebol deixa de ser apenas um evento de entretenimento e passa a ser também um espaço de proteção, respeito e cidadania.
Com novas legislações em andamento, apoio governamental e adesão crescente dos clubes, a expectativa é que, em breve, todas as arenas do país adotem o modelo, fortalecendo a luta contra o assédio e a violência de gênero no esporte brasileiro.
Foto: Divulgação / MP-MG




