
As equipes femininas foram separadas em oito grupos com três times em cada
Por: Daniela Santos
Nesta quarta-feira, 28, aconteceu a Cerimônia de Lançamento da quinta edição da Taça das Favelas São Paulo. O torneio organizado pela CUFA (Central Única das Favelas) começa no dia 7 de junho e a grande final será no dia 30 de agosto.
“A Taça das Favelas nasce no Rio há mais de 14 anos. Nós temos mais de 600.000 jovens que participam da Taça Nacional, são 600.000 famílias. Em São Paulo são 132.000 jovens que participam. Então isso é sobre fomento, é sobre legitimidade, é sobre pertencimento. A gente precisa continuar aqui”, disse Geovana Borges, vice-presidente institucional da CUFA, durante o evento.
Os atletas do masculino, de 14 a 17 anos, vão em busca do troféu Nivaldo Barreto, enquanto as meninas, que podem jogar a partir dos 14 anos, disputarão o troféu Alaíde Maria da Conceição. Os homenageados foram cruciais na trajetória da CUFA.
Neste ano, mais de 100 favelas participam da competição entre capital paulista, região metropolitana, interior e baixada. Cada equipe pode ter até 30 atletas cadastrados. No feminino, os times foram divididos em oito grupos com três equipes cada.
Confira os grupos da Taça das Favelas Feminino após o sorteio:
Grupo A
- Seleção Paraisópolis
- Complexo da Pedreira
- Seleção Heliópolis
Grupo B
- Complexo Jaçanã
- Jardim Colombo
- Jardim Eliane
Grupo C
- Santa Margarina
- Favela Guarani
- Cidade Tiradentes
Grupo D
- BNH
- Campanário
- Complexo Perus
Grupo E
- Morro Doce
- Vila Nhocuné
- 7 Campos
Grupo F
- Favela Rubilene
- Complexo Areião
- Casa Verde
Grupo G
- Parque Santo Antônio
- Jardim Miragaia
- Parque Regina
Grupo H
- Michihisa Murata
- Vila Albertina
- Represa Nova
Já conquistaram o título no feminino: Complexo Casa Verde (2019), Paraisópolis (2022), Campanário Diadema (2023) e Seleção Cidade Tiradentes (2024).
Em entrevista ao Donas FC, Marta Sobral, ex-jogadora de basquete e embaixadora da Taça das Favelas, falou sobre a importância do campeonato. “Eu vim de uma comunidade, a Freguesia do Ó (bairro de São Paulo), e sei o quanto é importante você ser vista, ser olhada e ser ouvida. Na comunidade tem muitos talentos e eu tenho certeza que vão ser novos atletas, e se não sair novos atletas, com certeza vão ser novos cidadãos, pessoas que vão poder trabalhar com esportes, independente da sua área. O esporte traz felicidade pra gente”, disse ela.
Reflexão sobre a saúde mental
Ainda durante o lançamento da Taça das Favelas São Paulo, Andressa Silvestre (Psicóloga esportiva), Gleice Silvestre (Departamento de Integração com Atletas – Federação Paulista de Futebol) e Kin Saito (Diretora Executiva de Futebol Feminino da Federação Paulista de Futebol) falaram sobre saúde mental e autocuidado no esporte.
“Quando a gente fala de saúde mental, principalmente no esporte, ainda tem alguns tabus aí que a gente vai vencendo aos poucos e hoje a gente está mais aberto para falar disso de uma forma mais empática e vendo a gente como humano, porque o atleta, sobretudo, é um ser humano. Ele vai ter suas emoções, vai ter suas fraquezas, potencialidades e através disso, do esporte como ferramenta, a gente vai criando habilidades psicológicas emocionais para usar isso na nossa vida, quanto para dentro do esporte”, refletiu Andressa Silvestre.
“Então, é muito importante esse cuidado com a saúde mental, principalmente de quem tá entrando aí agora nesse tipo de campeonato que é grande, que causa na gente muitas emoções, abre portas, mexe com tudo, e tem essa questão dos sonhos. Aprender a lidar com isso, com as nossas frustrações, metas, objetivos, a saúde mental tem tudo a ver com isso. É um trabalho que a gente precisa estar cada vez mais no envolvido. O psicólogo precisa estar dentro desse ambiente como algo que faz parte. Não dá para a gente separar mais. Antes separava o treino mental, do físico, do tático e hoje a gente entende que não é assim, nós precisamos estar ali, se fortalecer como comissão técnica, fazer parte disso“, acrescentou a profissional.
Gleice Silvestre ressaltou a importância de cuidar da saúde mental dos atletas, assim como o desempenho físico. “Não adianta hoje em dia você pensar só no desenvolvimento técnico, tático e tentar separar isso… Cuidar disso no nosso dia a dia faz uma grande diferença para que você melhore como pessoa, como atleta, enfim. Acho que não tem como não associar os componentes do desenvolvimento e sem usar a saúde mental”, afirmou.
Kin Saito pontou que o cuidado com a saúde mental é algo que as pessoas passaram a dar importância há pouco tempo, e no esporte, é mais recente ainda. Para ela, uma forma de lidar com os problemas do dia a dia é se questionar sobre o quanto você vai deixar essa situação te abater. “Quando começamos a trabalhar nesse lado do esporte, esse papo de saúde mental parece mais recente ainda… mas hoje todo mundo já entende como isso é importante e que não precisa ser atleta para querer cuidar da cabeça ou para pensar realmente assim: ‘o que vai me atingir, o que não vai’. Porque a vida também, às vezes, nem dá tempo ou permissão para a gente entrar no papo e falar: ‘Como é que eu tô cuidando da cabeça?'”, completou.

