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Women’s Soccer Legacy Summit aponta impacto da Copa de 2027 para o futebol feminino no Brasil

  • By donasfc
  • 29/06/2025
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Por: Daniela Santos

Nesta sexta-feira (27) aconteceu em Nova York o Women’s Soccer Legacy Summit, evento que discute o desenvolvimento e o legado do futebol feminino, dois anos antes da Copa do Mundo da FIFA no Brasil. Especialistas do Brasil e dos Estados Unidos apontaram o impacto que a primeira Copa na América do Sul pode gerar para as mulheres no futebol e também para a sociedade.

“É tão importante estarmos aqui reunidos para celebrar movimentos mais significativos e transformadores do esporte contemporâneo, o crescimento exponencial do futebol feminino. O que antes era visto como resistência, hoje é potência. A cada campeonato, a cada estádio cheio, a cada menina que se vê representada, o jogo ganha novas dimensões sociais, políticas e culturais”, pontuou a jornalista Claudia Vilarinho na abertura do evento.

“E o que dizer da Copa do Mundo feminina de 2027 que vai acontecer no Brasil. O marco não só para o esporte feminino latino-americano, mas também para o mundo todo. O novo capítulo se aproxima e ele começa a ser inscrito aqui neste palco com vozes que constroem futuro todos os dias. Hoje vamos celebrar, debater, provocar reflexões e construir caminhos, tudo isso a partir do legado da Copa do Mundo Feminina e da força das mulheres no esporte e fora dele também”, acrescentou.

Primeiro painel 

O primeiro tema abordado no evento foi: ‘O Impacto da Copa do Mundo na Construção de um Futuro Sustentável para o Futebol Feminino’. A conversa foi mediada por Lívia Paula (BODEN / Comitê NYNJ da Copa do Mundo da FIFA) e contou com a participação de Kely Nascimento (Haddaf Global), Robert Skinner (ONU) e Estela Damato (Sustentabilidade em Campo).

O grupo debateu sobre como a Copa do Mundo Feminina de 2027 pode gerar um legado positivo, sustentável e transformador para o Brasil e para o mundo. Eles ressaltaram que é preciso aproveitar a atenção mundial para impulsionar mudanças sociais, econômicas e ambientais duradouras. Além disso, pontuaram que é necessário criar projetos sustentáveis e de impacto real nas comunidades locais, especialmente para meninas e jovens em situação de vulnerabilidade. Eles acreditam que o legado só será possível com colaboração entre federações, clubes, marcas, governo e sociedade civil.

 

 

Segundo painel

A jornalista Claudia Vilarinho foi a responsável por mediar o painel: ‘O Terceiro Setor e a Construção de Legados Sustentáveis’, que teve a participação de Rizzia Froes (Instituto Por Elas) e Thais Colón (CUFA NY/Taça das Favelas NY).

Durante o papo, elas pontuaram que o terceiro setor (ONGs, institutos e etc) são essencial para alcançar quem o Estado e o mercado não alcançam. Também foi falado sobre a importância do apoio financeiro para projetos sociais, especialmente ligados ao esporte e inclusão. Essa ajuda precisa ser constante e não apenas durante grandes eventos.

As convidadas também refletiram sobre representatividade e como é importante ver outras mulheres ocupando espaços, seja no futebol ou em cargos importantes, e inspirando as novas gerações, mostrando para outras meninas que elas podem conquistar o que quiserem.

 

 

Terceiro Painel

Já o terceiro painel teve como tema: ‘Marcas em Campo: Estratégia, Negócios e o Papel das Marcas no Futebol Feminino’, e Suleima Sena (Donas FC) comandou o bate-papo com Aline Castro Neshimonni (Seattle Reign FC / Seattle Sounders FC), Elis Clementino (Enda – Run Kenyan) e Amanda Bomfim (BR&CO).

Elas reforçaram que o futebol feminino não deve ser visto como caridade, mas sim como um ativo de marca e fonte de lucro. Além disso, pontuaram que é necessário entender quem consome o futebol feminino, suas expectativas e sentimentos, e usar isso para gerar estratégias e retorno financeiro, sem esquecer que os valores e visão de futuro devem ser parecidos, para não haver problemas futuros.

Durante o papo foi pontuado que as marcas estão se movimentando lentamente, apesar de faltar apenas dois anos para a Copa no Brasil. Elas acreditam que é preciso investir desde já, para colher os frutos futuramente, dessa forma, os investidores vão entender que o futebol feminino também pode ser considerado um produto comercial viável.

A jogadora Cristiane Rozeira, do Flamengo, não pôde comparecer ao evento, mas fez questão de gravar um vídeo com um discurso inspirador.

 

“Eu queria agradecer, mesmo virtualmente, de poder participar de algo tão grandioso e poder falar um pouquinho sobre a modalidade, sobre o desenvolvimento. Eu que estou dentro do futebol há mais de 20 anos, pude vivenciar de todas as etapas possíveis e a gente vive hoje um momento muito importante dentro do nosso país”, começou.

“Daqui a dois anos teremos uma Copa do Mundo aqui [no Brasil], que será um evento grandioso para modalidade. E claro, para a gente poder discutir o quanto a gente pode dar de continuidade, seja com as categorias de base, seja cada vez mais fomentando o futebol feminino dentro dos clubes, dentro de suas federações. Então, acho que é importante a gente continuar mantendo esse legado e trazendo ideias para cada vez mais a gente conseguir fazer com que o nosso esporte se desenvolva, até mesmo dentro das próprias marcas, que haja o interesse das marcas e que a gente consiga caminhar sempre para o caminho de portas abertas futuras para as meninas”, acrescentou.

Cristiane completou seu discurso ressaltando a importância de desenvolver o futebol feminino para que mais meninas realizem seus sonhos de serem atletas profissionais. “A gente tem muita menina hoje praticando futebol aqui no nosso país. A gente conseguiu trazer uma visibilidade muito importante, mas ainda tem pontos que precisam continuar caminhando para que a gente tenha futuras craques da nossa geração dentro do futebol brasileiro feminino”, finalizou.

Quem também deixou um recado durante o evento foi o Secretário Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor do Ministério do Esporte, Athirson Mazzoli e Oliveira. “Eu, como ex-atleta de futebol, conheço bem de perto esses grandes desafios que envolve a carreira esportiva e sei o quanto o futebol pode transformar vidas, como transformou a minha. Por isso, acredito muito que é o futebol vai além das quatro linhas. E sem dúvida nenhuma, é uma ferramenta fundamental de inclusão e desenvolvimento de responsabilidade social”, disse ele.

Em seguida, o secretário ressaltou o papel do Ministério do Esporte para ajudar no desenvolvimento d futebol feminino no Brasil. “Hoje no Ministério do Esporte temos trabalhado muito para trazer esse grande propósito por meio da Estratégia Nacional do Futebol Feminino. E estamos promovendo várias ações concretas para fortalecer cada vez mais a modalidade no Brasil. Estamos investindo nas formações de atletas, treinadoras, árbitras, e gestoras, incentivando cada vez mais parcerias, estruturando competições, criando oportunidades reais para essas meninas e mulheres que estão em todas as regiões do nosso país”, acrescentou.

“O nosso compromisso, sem dúvida nenhuma, é deixar um grande legado, que possa realmente inspirar novas gerações e que coloque o futebol feminino no lugar de protagonismo, que sempre mereceu estar. Seguimos juntos para um futebol mais justo, inclusivo e transformador. Eu sei que o futebol é capaz de fazer coisas maravilhosas. Obrigado ao futebol por tudo o que me proporcionou e estamos nessa missão agora com a estratégia do futebol feminino para transformar novas vidas”, finalizou.

Por fim, também foi apontado preocupações com o legado pós-Copa do Mundo de 2027. A festa está garantida, mas o foco deve ser em oportunidades reais e sustentáveis depois do evento.

Foto: Rodolfo Sanches

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