
A Copa do Mundo Feminina de 2027 no Brasil não é apenas um evento esportivo; é uma oportunidade estratégica para transformar o esporte feminino no país. Um estudo recente da consultoria McKinsey sobre o mercado americano oferece um guia valioso para essa jornada. Com base em dados que mostram o crescimento explosivo da modalidade nos EUA, o Brasil pode aprender a capitalizar o interesse já existente e construir um mercado sustentável e lucrativo.
O crescimento nos EUA: um reflexo do potencial global
Os dados da McKinsey são impressionantes. Nos EUA, quatro em cada cinco fãs de esporte já acompanham o esporte feminino, e a receita do setor cresceu 4,5 vezes mais rápido que a do esporte masculino entre 2022 e 2024. A projeção de US$ 2,5 bilhões em receitas até 2030, impulsionadas por patrocínios, ingressos e direitos de transmissão, mostra que o mercado está amadurecendo rapidamente.
O que esses números ensinam? Que o esporte feminino é um ativo estratégico, com um público engajado e em rápido crescimento. A lição não é sobre criar fãs, mas sim sobre converter o interesse já existente em consumo recorrente.
A lição para o Brasil: da audiência à receita
No Brasil, a audiência para o esporte feminino já existe. Os fãs do futebol masculino, muitas vezes, ampliam seu interesse para a modalidade feminina, especialmente impulsionados por grandes eventos e jogadoras que inspiram. O desafio, portanto, não é encontrar o público, mas sim converter esse interesse em consumo, seja na compra de ingressos, camisas, em engajamento com a mídia ou com as marcas.
Para que a Copa de 2027 seja o catalisador dessa transformação, o Brasil precisa seguir as seguintes estratégias:
- Patrocínio inteligente: A era da simples exposição de marca acabou. Patrocinadores precisam criar ativações que engajem, que contem histórias e que criem uma conexão autêntica com as fãs. Isso fortalece não apenas o esporte, mas a marca patrocinadora.
- Valorização da transmissão: Os direitos de transmissão do esporte feminino no Brasil ainda estão subvalorizados. Para garantir a sustentabilidade do esporte, é essencial que clubes e federações negociem o valor real de sua audiência, garantindo que a receita gerada reflita o interesse do público.
- Gestão profissional: Clubes e federações precisam adotar uma gestão mais profissional e sustentável. Isso inclui planejamento de longo prazo, estratégias de marketing eficazes e uma visão de negócio que trate o esporte feminino como um produto valioso e promissor.
- Construção de um legado: A Copa de 2027 deve ser mais do que apenas um torneio. É crucial criar programas de formação e legado que conectem atletas, torcedoras e a comunidade. Isso garante que o interesse gerado pelo evento continue a crescer e a inspirar as futuras gerações.
O mundo já entendeu que o esporte feminino é um mercado com potencial gigantesco. Com a Copa do Mundo de 2027, o Brasil tem a chance única de liderar esse movimento, transformando o futebol feminino em um produto esportivo lucrativo e sustentável.
Foto_Reuters