A Women’s Super League (WSL), principal liga de futebol feminino da Inglaterra, deu um passo monumental para a infraestrutura da modalidade. Nesta quarta-feira (13), a WSL lançou o primeiro guia oficial de design do mundo para estádios pensados especificamente para mulheres, atletas e público.
O documento, intitulado Design Guidelines for the Delivery of Elite Women’s Stadiums in England, estabelece um novo padrão global, afirmando que o futebol feminino exige e merece espaços projetados à altura de seu crescimento e de sua identidade.
Por Que um Guia Exclusivo?
A iniciativa da WSL é uma resposta direta ao crescimento acelerado e à necessidade de consolidar o futebol feminino como um produto autônomo e um mercado que atrai públicos cada vez mais diversos (mulheres, jovens e famílias).
Em vez de se contentar com adaptações de estruturas masculinas, o guia orienta clubes, arquitetos e autoridades na criação de ambientes que garantam:
- Melhor experiência de matchday (dia de jogo).
- Mais conforto e segurança para o público.
- Maior permanência e expansão de receita.
O material é fruto de um trabalho colaborativo com consultorias renomadas (AFL Architects, Mott MacDonald e Forward Associates) e de pesquisas detalhadas com jogadoras, torcedores, clubes e especialistas.
O Que Define um Estádio “Pensado para Mulheres”?
O guia estabelece parâmetros claros que traduzem a identidade do futebol feminino em experiência e arquitetura.
1. Infraestrutura Inclusiva e Proporcional
Um dos pontos mais notáveis é a adaptação das instalações para o perfil de público:
- Banheiros Equilibrados: Recomenda-se maior proporção de sanitários: 45% feminino, 45% masculino e 10% neutros em gênero.
- Espaços Família: Criação de áreas adequadas para amamentação, troca de fraldas e atendimento a famílias com crianças.
2. Vestiários e Áreas de Atletas Adaptadas
O design dos bastidores deve refletir a realidade das jogadoras:
Dimensionamento: Ambientes projetados considerando o tamanho dos elencos femininos.
Necessidades Específicas: Estruturas que contemplem a saúde menstrual das atletas.
Staff: Espaços separados e adequados para as equipes técnicas femininas e masculinas.
3. Acessibilidade Universal e Neurodiversidade
A experiência deve ser acessível a todos:
Adaptações: Assentos, rampas e acessos para diferentes tipos de deficiência.
Changing Places Rooms e Salas Sensoriais para torcedores neurodivergentes.
Zonas sem Álcool: Alternativa para um ambiente mais familiar.
4. Sustentabilidade como Eixo Central
Não há modernidade sem responsabilidade ambiental. O guia reforça a importância de:
Uso de energias renováveis.
Sistemas de captação de água da chuva.
Rotas de acesso seguras e integradas ao transporte público.
Oportunidade para o Brasil (Copa 2027)
Com o Brasil prestes a sediar a Copa do Mundo Feminina de 2027, a iniciativa da Inglaterra serve como um alerta positivo e uma inspiração. Não basta apenas crescer em campo; é fundamental investir em infraestrutura própria.
Os estádios que atendem às necessidades específicas das mulheres (atletas e torcedoras) são o caminho para:
- Aumentar a média de público.
- Profissionalizar o ambiente do futebol feminino.
- Tornar o produto mais atraente para marcas e investidores.
- Consolidar um mercado forte e sustentável.
A WSL abre um precedente que pode e deve inspirar o desenvolvimento da modalidade em todo o mundo.
Foto- Manchester City Site




