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Futebol Feminino no Brasil: O Talento Existe, o Público Responde. O Que Falta é Estratégia

Por Suleima Sena

O Futebol Feminino no Brasil não precisa mais provar seu valor. Dentro de campo, o talento das atletas é inegável, e a competitividade da modalidade cresce a cada temporada. Fora das quatro linhas, os recordes de público e as negociações no mercado mostram que a modalidade tem um potencial de crescimento imenso.

No entanto, para dar o próximo e decisivo salto, o esporte precisa de mais do que paixão, ele precisa de estratégia.

 

A Estrutura Atual Afasta, Mas o Público se Aproxima

 

Apesar dos avanços, a infraestrutura ainda é um grande desafio. Muitas partidas acontecem em centros de treinamento ou estádios com pouca estrutura , e a falta de planejamento de horários, com jogos em tardes de quarta-feira ou manhãs de domingo, acaba por afastar o público que gostaria de estar presente.

Ainda assim, o torcedor brasileiro já provou que está pronto para abraçar o esporte. Vimos isso em recordes impressionantes de público, como:

44 mil torcedores na final do Corinthians;

41 mil em outra decisão;

28 mil no MorumBIS;

Quase 20 mil no Independência.

Para se ter uma ideia, o recorde histórico de público da NWSL, a principal liga dos EUA, foi de 40 mil pessoas. Isso mostra que, mesmo sem a mesma estrutura profissional, a torcida brasileira pode ser tão — ou até mais — engajada do que a de mercados internacionais.

 

O Mercado Global Já Reconhece Nosso Talento

 

O potencial da modalidade também é visto por investidores e clubes internacionais. A recente venda da lateral Isabela Chagas, do Cruzeiro para o PSG, é um exemplo claro. A atleta, que ainda não atuou pela seleção principal, chamou a atenção do mercado europeu e provou que o futebol feminino brasileiro é uma vitrine de talentos para o mundo todo.

 

O Próximo Passo é o Planejamento

 

O Brasil já tem o essencial para prosperar: público, talento e o interesse do mercado. O que falta é transformar esse potencial em um projeto sustentável, baseado em três pilares fundamentais:

Infraestrutura: Garantir jogos em estádios profissionais e com horários atrativos para a torcida.

Formação: Investir de forma consistente na base para revelar e desenvolver novos talentos.

Gestão Estratégica: Criar departamentos dedicados com profissionais focados exclusivamente na modalidade.

O futuro do futebol feminino no Brasil não depende mais de provar que ele existe. Ele depende de um planejamento inteligente e de longo prazo. É hora de transformar a paixão em um modelo de negócio sólido, vitorioso e que garanta o sucesso do esporte por muitos anos.

 

Foto:MIGUEL SCHINCARIOL/GettyImages

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