A treinadora assume o comando do clube por dois anos.

Nesta terça-feira (21), Rosana Augusto foi apresentada oficialmente como a nova treinadora do Palmeiras, na Academia de Futebol do clube, em São Paulo. A coletiva teve a presença de Alberto Simão, diretor de futebol feminino do Palmeiras, o qual prestigiou o trabalho de Rosana e demonstrou interesse na contratação desde a passagem da técnica no Red Bull Bragantino. 

“Eu estava no Bragantino, a gente se encontrou na festa da Federação Paulista e ele [Alberto] me falou que um dia eu seria treinadora do Palmeiras, que ele estava de olho em mim, que ele estava me acompanhando. E, de fato, o Alberto sempre foi um cara que me acompanhou desde que eu iniciei a carreira como treinadora no Athletico Paranaense. E sempre conversando comigo que um dia surgiria essa oportunidade”, comentou Rosana Augusto sobre a relação com a diretoria palmeirense.

A treinadora chegou ao clube e já teve o primeiro contato com atletas e profissionais, treinou a equipe nesta quarta-feira (22) e faz as primeiras observações para a disputa do Paulistão e da semifinal da Copa do Brasil. 

Rosana Augusto começou sua carreira como técnica recentemente em 2021, com seu primeiro trabalho no Athletico Paranaense, com 13 jogos e 10 vitórias. No ano seguinte, comandou o Red Bull Bragantino até 2023, com 54 jogos e 27 vitórias. Foi a Seleção Brasileira Feminina sub-20 apenas por 9 jogos e 8 vitórias, retomou ao futebol brasileiro neste ano treinando o Flamengo e agora retorna ao Palmeiras como treinadora. 

Rosana já conta com títulos em torno da carreira como treinadora, sendo eles o Campeonato Paranaense Feminino (2021), vice-campeonato da Copa Paulista (2022), Brasileirão Feminino A2 (2023), Sul-Americano Sub-20 e a Copa Rio Feminina (2025). Agora, no comando do Palmeiras, a treinadora busca o título no Campeonato Paulista e na Copa do Brasil para fechar a temporada do Verdão. 

Durante a coletiva, Rosana pontuou a evolução do clube alviverde em questões de contratações e a montagem de um time competitivo nos campeonatos durante as temporadas, tendo em vista que a ex-atleta foi jogadora palestrina no ano de 2020, um ano após a reintegração do clube no futebol feminino. A treinadora também abordou sobre como a sua experiência de atleta impactou na construção de organização, perfil e ética como técnica de uma equipe. 

“A seleção também me trouxe essa bagagem que, em pouco tempo, você precisa colocar a sua cara, a sua identidade e criar dinâmicas de treino que possibilitem as atletas a nos atender dentro da proposta o mais rápido possível. Então, em relação a isso, eu estou bem confortável. Obviamente que alguns vícios demoram mais a serem tirados e não tenho essa pretensão neste ano. Mas, a partir do ano que vem, construir, sim, muito mais a identidade da Rosana juntamente com o Palmeiras”, comentou a treinadora sobre a nova identidade de seu trabalho no clube.

Augusto também citou sobre sua saída do Flamengo. A comandante demonstrou que seu legado no rubro-negro foi curto, mas também abordou sobre o melhor planejamento do Palmeiras, gerando interesse na sua ida. 

“Foi um comum acordo que a gente fez. Tanto eu quanto o Flamengo entendemos que era melhor para um planejamento de carreira que eu tinha […] Eu acho que deixo um legado importante também no Flamengo, tanto para as jogadoras como para a direção, mas sempre lutando pelo melhor do futebol feminino e qualquer situação que eu puder ajudar, eu vou ajudar, independente do clube, porque para mim a modalidade é uma missão. Mas eu vou valorizar muito mais o que o Palmeiras tem feito com a minha contratação do que qualquer outro time que eu não esteja mais vestindo a camisa.” — disse Rosana, sobre saída e acordo comum com o Flamengo. 

A treinadora comentou sobre sua recepção com a torcida e o apoio que recebeu desde seu anúncio nas redes sociais do Palmeiras. Destacou a importância de conquistar os títulos e como isso pode conectar cada vez mais a torcida com a categoria feminina do clube. 

“Quando eu fui anunciada, eu fiquei impressionada com tanto de comentário, com tanto de coisas positivas, tanto da saída da Camilla, pelo legado que ela deixou, quanto com o meu anúncio entrando agora e podendo fazer história e continuar com essa cultura e valores do clube. Então eu vejo que essa conexão está acontecendo e a forma de conseguir aproximar ainda mais é trazendo resultados expressivos e a gente vai trabalhar para isso.” — comentou Rosana sobre a recepção da torcida. 

Rosana foi perguntada se já contém algum planejamento para a temporada de 2026. A treinadora respondeu dizendo que ainda é cedo para pensar, mas que já estará analisando questões de contratações, construção do empenho da equipe em relação aos títulos em disputa e o contato com todos os profissionais do clube para definir, de fato, um caminho para a temporada que vem.

“Claro que não dá para mudar tudo, porque tem muitas coisas boas que já tem aqui, mas é entender o cenário para o ano que vem, quem fica, quem vai, a maneira que a gente vai construir essa relação, mas sempre dentro de uma ideia de compartilhar muito com a comissão, com a diretoria, com as atletas e fazer sempre o melhor para o grupo. Numa posição de liderança, eu tenho que tomar algumas decisões, e elas serão tomadas, mas eu gosto muito de uma equipe transdisciplinar, onde todo mundo contribui e se sente importante e valorizado dentro do processo”, respondeu a comandante em relação a próxima temporada. 

Outros assuntos foram abordados na coletiva, como a importância de mulheres em cargos de liderança no futebol. Vale ressaltar que, até o momento, Rosana Augusto e Fabi Guedes, do Atlético Mineiro, são as únicas treinadores mulheres da primeira divisão do Brasileirão Feminino e a discussão sobre acesso de mulheres como comandantes não só de equipes, mas também de clubes, movimenta o interesse e a inspiração dentro do futebol feminino. 

As Palestrinas retornam na próxima sexta-feira, dia 31, para enfrentar o Red Bull Bragantino no Paulistão. No dia 4 de novembro, terça-feira, às 21h30, o Palmeiras disputa vaga para a final da Copa do Brasil contra o São Paulo no clássico Choque-Rainha. 

Foto: Fabio Menotti / Palmeiras